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domingo, 17 de maio de 2020
LEITURA 30, dia 6 - Um road book
Hoje é domingo, já é noite, o dia mal deu para tudo o que eu planejava e por isso não vou me demorar. As metas foram mais do que cumpridas, com alguma folga, e entrei em um livro novo, o que é sempre estimulante. O mais interessante, embora não planejado, ou exatamente por isso, é que o livro de agora conversa com o anterior. Estamos ainda na mesma faixa de pensamento que busca uma nova visão do homem e seus desafios, da existência e suas quedas, do motivo de estamos por aqui nesta esquina da galáxia e de como podemos nos virar melhor sem queimar a cuca ou explodir o coração.
Estou lendo, com milênios e milênios de atrasos, a tal ponto que quando abro o livro ainda consigo espirrar devido ao resto de poeira astral resultante do velho big bang, um road book. É o célebre Zen e a arte da manutenção de motocicletas, de Robert M. Pirsig, naquela edição que virou um dos ícones dos anos 80 para quem gosta de livros e nostalgia.
O livro parafilosófico e under auto ajuda que conta a saga do pai que desliza de motocicleta sobre estradas estaduais dos zéua com o filho na garupa - ambos tão fora de padrão quanto um personagem de qualquer um dos contos de J. D. Saliger, e aqui fica claro por que eu disse lá acima que mudei de livro, mas não de faixa.
Estamos ainda na ZYD É Outro Papo, uma emissora de rádio galáctica que congrega aqui um beat feito Kerouac meditando numa paisagem congelada, ali um Seymour Glass rumorejando diante do mar e da garotinha Sibyl. E por que não também um testemunho supimpa de uma temporada de brasileiros desprendidos na Europa dos anos 70 como o que faz Antônio Bivar em dois preciosos livrinhos - Longe daqui aqui mesmo e Verdes vales do fim do mundo?
Mas por quais motivos estou a falar deles aqui e agora, se nem estão na minha lista do projeto Leitura 30, em que pretendo ler 5 livros em 30 dias? Ora, porque têm tudo a ver, frequentam a mesma faixa de pensamento e de estar no mundo. Bivar e seus relatos estão aqui porque eu quero dizer que antes mesmo de abrir o Zen e a manutenção... é como se, sem nunca o haver lido, tivesse sempre a impressão de que se trata de uma releitura.
Deixa o livro se adensar além da página 77 que é onde estou que eu me prolongo um pouco mais sobre ele.
Para um domingo à noite, basta.
Acho que, antes de dormir, ainda vou dar uma espiada num Bivar.
Se é que não perdi os livros nessas mudanças que tenho feito.
Boa noite e até amanhã.
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