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domingo, 11 de abril de 2010
Influências musicais
É impressionante a soma de fatores, influências, sugestões, elementos aparentemente dispersos que se juntam numa única mente para fazer de um ser humano um artífice na sua atividade. Penso nisso enquanto assisto, pela segunda vez, ao documentário "No Direction Home", que Martin Scorsese realizou para explicar a música, a filosofia pop, a orgem folk, o perfil mutante e genial de mr. Robert Zimmerman, o Bob Dylan do mundo rock. O filme sai rastreando e exibindo um sem número de músicos que antecederam Dylan e o municiaram das maneiras mais diversas, com o próprio músico explicando como mesmo artistas que na época não eram bem assimilados interessavam à sua pessoa, independente do que achavam deles.
Num outro programa documental sobre música, a série Jazz que o GNT exibiu há um tempo e que existe disponível numa caixa de DVDs, Bird também faz um comentário semelhante - ou pessoas que falam sobre ele, não lembro bem. Lembro da essência: o comentário é de que Charles Parker gostava de ouvir, quando não estava tocando, bebendo ou exercendo sua lamentável dependência das drogas, umas músicas que os amigos e contemporâneos não julgavam mais que meramente folclóricas. Coisas desprezíveis, mas não para o pássaro de ouvidos apurados Charles Bird. E sabe-se lá até que ponto essas curiodades musicais não fizeram diferença na hora em que ele se meteu a depurar o bebop do momento, revolucionando a música instrumental de então?
Gênios da música deste pobre planeta que tem girado em falso neste 2010 de tantas tragédias, Dylan ou Parker parecem dizer, nesses filmes, que o segredo, se houver, deve ser ignorar o padrão das opiniões estabelecidas e esclarecidas que ditam suas réguas estéticas por aí. De maneira que a maior dificuldade, para quem apenas ouve, deleita-se com a música, é soltar as pedras da mão e apreciar sem má-vontade legitimada pelos manuais do bom gosto. Como o sujeito - entre muitos da indústria do disco - que se encantou com Bob Dylan nos primeiros raios de neon dos anos 60 e ouviu nele a novidade musical fecunda. Alguém fala em assistir a Dylan em Nova York e perceber naquele moço no palco esfumçado a presença marcante de alguém decicado a criar algo com a concentração que só os verdadeiros artistas tem.
*Mais Bob Dylan na barra de amostras de vídeos do YouTube, abaixo e ao lado.
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