quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Trabalhos de Jorge


Tem um novo livro na lista dos últimos que foram lidos pelo blogue, ali ao lado. É "Trabalhos de Amor Perdido", mais um produto da indúsria audio-visual e literária do gaúcho Jorge Furtado, que todo mundo conhece, se não pelo já clássico curta metragem "Ilha das Flores", ao menos pelo filme "Meu Tio Matou um Cara", minissséries e especiais exibidos pela Rede Globo e outras aventuras sempre muito bem sucedidas. "Trabalhos" é uma enciclopédia disfarçada de novela casual, intensamente pop, deliciosamente pulp, vastamente digerível e poderosamente biodegradável. Enfim, uma viagem, como diz a gíria que de tão usada entrou para o léxico.

Jorge Furtado é uma daquelas inúmeras pessoas que tem um chamego especial com o senhor William Shakespeare. Só que, ao contrário de muitos deles, o gaúcho quer mais é espalhar esse culto entre o maior número de pessoas possível. Se é assim, nada melhor do que montar uma espécie de almanaque em forma de romance, ao longo do qual ele vai espalhando, como pedaços de pão na floresta de Joãozinho e Maria, informações, toques, curiosidades e - por que não - produndas avaliações sobre a obra do escritor acima de qualquer classificação. Você vai seguindo a historinha de um ator meia boca que consegue uma bolsa para preparar um projeto sobre Shakespeare e, aqui e ali, é alimentado, qual um pássaro faminto, ignorante e cada vez mais viciado nessas pílulas de informação, com dados e mais dados sobre traduções, versões, mitos e verdades sobre o autor de Rei Lear, Romeu e Julieta e Hamlet.

O livro faz parte de uma série, naquele tipo de projeto que uma editora propõe um tema sobre o qual alguns escritores preparam livros meio na base da encomenda. Veríssimo é um dos próximos, vamos aguardar. Mas o que eu queria dizer mesmo é que, assim como seu conterrêneo filho de Érico, Jorge Furtado é outro escritor brasileiro ciente da necessidade e da importância de algo que muitos dos seus pares preferem desprezar: a capacidade de comunicação com seu, digamos, público. "Escritor não é o cara que escreve um livro; escritor é o cara que escreve livros e que é lido", ouvi dizer outro dia um personagem de um filme cujo nome esqueci. Furtado e Veríssimo são escritores. Que outros você conhece?

P.S (1): A rede de livrarias "Leitura" (ou ao menos a loja da rede que fica no shopping Pátio Brasil, em Brasília) está liquidando este "Trabalhos de Amor Perdido", a modestos R$ 9,90. Isso é o que se chama de pechincha. E um belo presente de Natal pra você dar aos seus amigos sem comprometer o bolso.

P.S (2): A partir de agora, na barra de videos do you-tube, trechos do "Hamlet" de Zefirelli.

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