sábado, 14 de novembro de 2015

#começar de novo



Henfil desenhava rápido porque a hemofilia o obrigava. Daí os traços que legou serem sempre ágeis qual desenho animado, o Zeferino e a Graúna quase voando no papel das charges e tiras. Não sou Henfil mas me vejo em situação similar: uma crise inesperada do que uns dizem ser hérnia de disco e outros apenas o desgaste natural da coluna após quase 50 anos de uso me impede de fazer, por longo tempo, atividades que estavam entre as minhas preferidas: ler e escrever. 

Ler porque sem querer a cabeça cai, o pescoço se dobra e a hérnia ou seja lá que nome tenha é contraída, causando dor. Escrever porque o computador, com teclado e monitor em posições quase opostas e ângulo assassino para a  minha pobre cervical representa tudo isso elevado ao cubo: por ora, é assim; usou, doeu. O preço é alto. Mas alguma coisa para além da coluna, da dor, da crise e da inflexão que ela provoca necessariamente nos meus hábitos e na minha visão do que é viver me traz de volta ao blog. Tenho necessidade dele para organizar minhas próprias ideias nesta transição que noto estar vivendo faltando menos de dois meses para completar meio século de vida. Se isso representar algum ganho também pra você aí do outro lado, por que não dividir? Mas o faria mesmo que estivesse apenas falando sozinho. 

A diferença agora é que os posts devem ficar mais curtos, ágeis, incompletos mas autênticos, compensando com a energia da rapidez a profundidade que a idade me obriga a deixar pra trás. Bem-vindos de volta e a gente vai se falando, em conversas mais ligeiras como o traço necessário de Henfil - sem maiores comparações, claro - mas também, espero, mais frequentes. Aqui a hastag é tipo #começardenovo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

O último cajueiro de Alex Nascimento

Começar o ano lendo um Alex Nascimento, justamente chamado "Um beijo e tchau". Isso é bom; isso é ruim? Isso é o que é - e tcha...