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segunda-feira, 20 de abril de 2020
OS LIVROS DE A.
O neobeletrista Adriano
publicou 4 e tantos livros de poesia.
Para melhor ler o mais recente
Li-os todos de
um gargarejo só.
Sobrevivi para pontuar,
ainda que tossindo
elaboradas propatoxítonas
em frente ao mar.
O antibeletrista Adriano
publico Flô em 1998.
Beletrizou com uma flora
de vocabulário em desuso
- botânica pisada por botas
de falso modernismo -
zil canteiros de sépalas,
grânulos, gramaves
e eleatas.
O pós-beletrista Adriano
publicou O Alvissareiro em 2001
Poema-testemunho que
varreu a casa velha inteira
e guardou o pó num vaso
de serifas extirpadas.
Dos objetos primordiais
ao alto da torre que tudo vê
saturou a Cidade do Sol
com a luz de outro jarro.
Beletrizou o poema-manifesto,
hino que as bocas locais,
engolfadas com areia,
não teriam afinação suficiente
para cantar na hora do recreio
à beira-mar.
(e se as palavra imploram
por um mergulho no dicionário
o muro de contenção aproveita
o espoucar das ondas para
cantar que, aqui, o ritmo é
sempre superior à semântica)
O suprabeletrista Adriano
publicou Saartão em 2004
Mirando com seu teodolito
de sentenças os hectares
cobertos tanto pelo bíblico
quanto pelo pop
Profecias e cinema-poeira
Jó e Canal 100
Tudo na mesma ribanceira
pedregosa onde a roça
de versos germina papéis
coloridos de confeitos
voando entre redemoinhos
de memórias em pânico
O jamais beletrista Adriano
entrou na era de 19
- tempos de misera geral -
publicando O Livro de O.
Doce infusão de cânticos
a vestir os feixes de ossos
de uma alma maravalha.
Leite seco se perdendo
nas frestas do areal interior;
punhalada ou tiro,
extermínio dos desperdícios
que estão a nos formar.
Poemas serializados,
soluços em três versos
- as letras da datilografia
dizendo tudo sobre quem
não queremos ser.
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