Lembra quando disseram que tudo poderia acontecer neste ano de Copa no Brasil e campanha presidencial e você não levou muito a sério? Pois aí está, para confirmar a previsão, o minitornado que atingiu Brasília no meio da tarde dessa quarta-feira, 1º de outubro. Depois da queda do avião que matou Eduardo Campos, foi mais um choque registrado no, como se diria antigamente, fatídico ano. Dois episódios que, cada qual à sua maneira, trouxeram perplexidade a quem estava aqui embaixo.
O tornado de Brasília foi imprevisível como será o resultado das urnas de domingo próximo; confuso como o empastelamento das pesquisas logo após a substituição do morto Campos pela viva Marina; desconcertante como o rearranjo que todos os candidatos tiveram que promover após a tragédia de Santos. Enfim, o primeiro tornado de Brasília, que varreu a região mais próxima ao aeroporto da capital com ventos de até 95 Km por hora, foi mais um evento típico deste 2014 de tantas expectativas e tamanha série de acontecimentos marcantes - alguns previstos, outros trazidos pelos ventos do destino, incluindo-se o 7X1 da Copa no estádio e o sucesso do evento fora de campo, outra imprevisibilidade calculada que a realidade tratou de desmontar como um vendaval destrói um telhado frágil.
O fato é que F-0 passou - essa é classificação do tornado segundo os especialistas do Instituto de Meteorologia - e, embora tenha assustado bastante (eu mesmo achei esquisitas as cortinas de poeira que vi suas primeiras rajadas levantarem na Asa Sul, quando seguia para o trabalho) foi embora como aquele tipo de coisa que faz muito barulho e não muito efeito. Sim, destelhou parte do aeroporto reformado, derrubou a temperatura bruscamente e causou alagamentos com a chuva rápida que trouxe na sequencia. Mas isso não é de todo incomum no final da seca brasiliense. Não por acaso, a classificação F-0 equivale a um tipo de tornado sem maiores consequências.
Repare bem, mantenha-se no paralelismo meteorologia-imprevistos-eleição e veja que é justo isso o que pode acontecer com uma certa candidata que entrou como um furacão na campanha eleitoral para logo depois se recolher como uma ventania de verão. Mas isso só o tornado das urnas de domingo próximo poderá confirmar - e é preciso também resistir à tentação fenomenal da metáfora. Confirmando-se, aí sim, o primeiro tornado de Brasília terá um nome perfeito, à altura do reboliço causado e do efeito não realizado: furacão Marina.
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