quinta-feira, 4 de março de 2010

Alf


Era um daqueles momentos mortos de uma quinta-feira de Congresso parado. Passava das oito da noite, o script do jornal estava pronto, reportagens editadas e aquele claro que fica entre o ponto final da edição e a hora certa de botar o programa no ar.

Era hoje, eram pouco mais de oito da noite e a tevê deu a notícia, naquela barrinha onde letras passam enquanto o apresentador fala de guerras ou escândalos. Morreu Johnny Alf, precursor da bossa nova. Precursor? Tá bem, vá-lá. Mas precussor e participante, não?

Deixa a classificação jornalística apressada pra lá. Valem mais os mistérios das coisas inesperadas, as boas - como a música de Alf - e as ruins - como essa notícia da morte dele.

Vale o mistério de, no exato momento em que a tevê deu a notícia, eu estar ouvindo um desses CDs caseiros, essas coletâneas que eu e muita gente costuma fazer, juntando vários artistas afins num mesmo disco para ouvir enquanto trabalha ou faz nada.

Estava ouvindo um desses, com Edu Lobo, Fátima Guedes, Marina, Ivan Lins, várias vozes, diversas formas de fazer música. Pois quando a tevê acabou de passar a faixa com a notícia da morte de Alf, ouço os primeiros acordes de algo que faz meu coração disparar.

Aquele piano, forte. Era ele mesmo, Johnny Alf, cantando algo cujo nome nem lembro. Não era nenhum de seus clássicos - "Olhos Negros", "Eu e a brisa" - não, era uma das faixas daquele seu primeiro disco, que comprei relançado em CD.

Mistério noturno de uma quinta-feira de Congresso vazio, telejornal cansado.

Início de noite com a voz de Alf subindo aos céus das grandes estrelas, no meu fone de ouvido triste e saudoso.

*Por isso mesmo, tem Alf na barra de vídeo, cá embaixo.

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