quarta-feira, 5 de outubro de 2011

COWBOYS, ALIENS E SUPER 8


A temporada cinematográfica trouxe recentemente nas suas ondas de mar revolto duas rememorações do cinema dos anos 80. Passou “Super 8”, em que o diretor da série “Lost” tentou incorporar o Spielberg primário e construir quase uma releitura de “E.T” misturando um grupo de garotos dos subúrbios californianos com um desastre espetacular de trem que libera uma presença extraterrestre perturbadora como foram as de outrora. Na outra frente, veio “Cowboys e Aliens”, produzido pelo próprio Spiel, mesclando os clichês dos dois gêneros, num feliz e divertido embate entre raios devastadores e cavalgadas poeirentas.

Os dois, se você não viu e está aguardando o lançamento em DVD ou Blue Ray, não se anime, ficam nisso mesmo: a brincadeira com os padrões dos gêneros – o filme de ET, o filme de cowboy, o filme de menino assustado, um pouco de western spaghetti, um tanto de cinema catástrofe. Não há maiores transcendências, mas as piadas – muitas meramente visuais, o que as torna ainda melhores – garantem a diversão e abastecem o baú da nostalgia. Uma dessas piadas – só pode ser piada, só dá pra classificar assim – é aquele gancho de engenhoca gigante com que as naves agressoras de “Cowboys e Aliens” pescam, literalmente pescam, suas vítimas para a abdução. Aquilo deve ser o raio laser adaptado aos tempos do velho oeste. E este filme ainda tem Paul Dano, o jovem ator em combustão de “Sangue Negro” - veja no clip abaixo - e ainda o mudinho ultra-expressivo de “Pequena Miss Sunshine”, como um bad boy adolescente mimadão, quase uma ponta que esse ator consegue fazer destacar num panorama tão ligeiro como é esse dessa quase paródia.



É verdade que há momentos em que a paródia evolui para uma citação um grau acima do filme original que ele relembra: a referência aqui é ao desempenho do menino obrigado a apunhalar as entranhas melecosas de uma das criaturas extraterrenas – um momento puramente Steven Spielberg. Em tudo aquele menino lembra o infante Christian Bale nas cenas de “O Império do Sol”, vivendo aquele garoto perdido na rebelião da guerra, de repente desprovido do conforto da vida britânica que levava em Hong Kong. No limite do cinema-pavor-com-entretenimento, evoca a garotada perseguida pelos dinos no “Jurassic Park”.

Quem vence, “Cowboys e Aliens” ou “Super 8”? Como este não é aquele assunto do qual dependem os rumos da humanidade, vamos convencionar tucanamente que quem vence é a diversão sem compromisso do espectador. E também lembrar que os dois filmes são um excelente pretexto para reunir pais e filhos em idade certa na apreciação de um tipo de diversão que, embora tenha deixado suas marcas, já não habita mais a tela do cinema como antes. É como o relançamento em Blue Ray da série completa “Guerra nas Estrelas”: alugando ainda em DVD o primeiro episódio lançado, “Uma Nova Esperança”, mostrei pra meus filhos de 6 e 4 anos que foram imediatamente fisgados. Agora, pra eles, é como se Darth Vader tivesse nascido junto ontem. E foi só o Episódio IV. Pena que eles ainda não tem idade para ver “Cowboys e Aliens” nem “Super 8” – mas, quando tiverem, vai ser uma nova descoberta por sobre essas redescobertas que a tecnologia do entretenimento vem nos proporcionando.


*Esta postagem é um pequeno campo minado de links para os itens citados. Clique neles e vá se multimidiando após a leitura integral.

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