Quem é o melhor Winston Churchill, o de Gary Oldman, que está agora em cartaz nos cinemas (“O destino de uma nação”), ou o de John Lithgow, que está em cartaz na Netflix, na série The Crown? Compare e veja – dificilmente o amigo terá do que reclamar. São dois Churchills tão verdadeiros – o de Gary mais, como diria, “sebosão” e por vezes inseguro; o de Lithgow, mais firme e formal, – que você nem vai sentir falta do original.
Em tempos de Trumps and Temers, não é demais relembrar
grandes líderes, gente contraditória como todos, mas que, por uma vocação de
pensar bem e sofrer faíscas cerebrais de intuição essencial, estavam nos
lugares certos quanto o mundo vivia os momentos mais errados. O drama político
brasileiro, com um país correndo o risco de ser entregue aos mais aventureiros
e irresponsáveis carreiristas por ter se esquecido de forjar novos
protagonistas – ou de fortalecer os poucos que surgiram, ao invés de sufocá-los
– é um cenário perfeito para se medir a necessária estatura desses condutores
da massa humana.
O amigo bem pode dizer que, ante o pavor de Hitler, o
império britânico também tinha suas carradas de culpa a purgar, e ver no pânico
de Londres frente ao avanço dos alemães da Bélgica à França – que é o momento
histórico em que o filme se concentra - um reflexo distorcido mas impossível de
ignorar de massacres outros, à sombra do colonialismo que também espalhou tanto
mal ao longo da história. Mas esse ajuste conceitual só reforça a necessidade
de uma liderança balofa, às vezes imperial, outras tantas confusa, mas no
essencial acertada do personagem que Oldman e Lithgow trazem de volta, cada qual
à sua maneira. Enquanto as eleições brasileiras não chegam, o amigo vá se
divertindo no cinema.