A escolinha da garagem funcionou durante algumas semanas na casa em que a gente morou até pouco tempo. Era uma instituição de ensino informal, criada para ocupar os meninos quando eles perderam esse privilégio de poucos, tanto para pais quanto para filhos, que é a figura da babá. Era uma maneira de ocupar e divertir as crianças com atividades caseiras mas educativas. Coisa de pintar, colar, ir ao quadro improvisado na parede.
Aconteceu que quem mais acabou aprendendo com a escolinha da garagem fomos nós, os adultos. Nossa lição de casa foi ver que a ausência de babá proporcionava uma aproximação maior com os meninos. E foi assim que o paredão da garagem da casa - que, com novo dono, está sendo toda reformada, de maneira que as fotos acima permanecerão como um relicário daquele tempo tão próximo e já tão distante - foi aos poucos se enchendo de papéis, trabalhos e desenhos.
Fechou a escolinha da garagem, naturalmente, porque não temos mais garagem. Mas não só por isso: por um validação igualmente natural do prazo daquela experiência. Ela se extinguiu à medida em que a rotina dos meninos ia ganhando outra feição, agora já assimilada à ausência de babá. Eles cresceram, nós também. Ficaram as imagens, instantâneos de um período difícil, mas proveitoso que eles, quando adultos, poderão ter a chance de revisitar em fotos, para aprender outra lição - a da necessidade de se enxergar tudo e todos como algo impermanente, ainda que com duração além do previsto e do imaginado.